Cães Ciumentos

‘Ciúmes’ é o sentimento de cães possessivos que não reconhecem a liderança da ‘sua’ pessoa.

Maíce Costa Carvalho, adestradora

 

Um dos relatos mais comuns que recebo dos internautas […] fala dos cães ciumentos.

Na grande maioria das vezes é possível, inclusive, perceber no relato que existe certo orgulho deste dono em tal comportamento, julgando que ele é movido por um amor imenso do cão pelo dono.

Tal raciocínio não chega exatamente a ser errado, porém há muito mais do que amor atrás de tal comportamento.

O cão ciumento na grande maioria das vezes é um cão tremendamente dominante.

Em alguns casos tal dominância é muito evidente: o cão não suporta que seu dono faça qualquer coisa que tire o cão do centro das atenções do dono.

Por conta disso não é incomum vermos donos que simplesmente não conseguem receber visitas – pois seu cão late o tempo todo impedindo uma boa conversa; outros ainda não conseguem atender ao telefone – pois assim que o dono começa a falar o cão começa a latir e só para quando o telefone é desligado; e até mesmo donos que não conseguem dormir, pois seu cão não permite que o dono durma no momento em que ele (cão) quer brincar.

Até agora falamos de cães com atitudes bastante extremas, mas nunca podemos nos esquecer daqueles momentos bastante cotidianos onde o cão, ao nos ver dando muita atenção a uma criança, simplesmente esbarra em você, fazendo com que você dê atenção a ele de forma compulsória; ou mesmo o cão que apronta (rouba comida, ou seus objetos pessoais) sempre que você tem visitas, para que você dê atenção a ele, e não às suas visitas.

Ainda temos, também, os cães que simplesmente não aceitam que naquele momento você só quer ver televisão, e não dar atenção ao cão.

Ele insiste ao seu lado até que você acaba vencido pela insistência dele e acaba por fazer lhe um carinho.

Em maior ou menor grau, todo cão ciumento é muito mandão!

Mesmo quando falamos de cães bonzinhos e que saibam se comportar publicamente, ainda é possível perceber que o que nós classificamos pura e simplesmente como ciúme, nada mais é do que o cão mandando em seu dono, para que ele haja de acordo com o que o cão quer.

O grande perigo desta história toda mora no fato que atrás deste comportamento vemos claramente o cão mostrando sua posição de líder da matilha, e na maioria das vezes o dono nem de longe desconfia.

No momento em que este cão consegue a atenção deste dono, ele vê sua atitude e sua liderança reforçadas.

As consequências

Ora, quem deve ser o líder da matilha é o dono da casa ou uma pessoa da casa.

Ao deixarmos um cão comandar a casa, delegamos a ele o ônus de decidir tudo o que corre pela casa, portanto não se espante se este cão ficar furioso a cada ordem ou bronca que você der nele.

Ele pode inclusive rosnar, latir, morder ou mostrar os dentes pra você para que você entenda o que ele quer, e atenda às vontades dele.

Ele não ficou agressivo da noite para o dia!

Ele simplesmente está se fazendo obedecer, e como líder esta prerrogativa é dele.

Você acha que estou exagerando? Nem tanto!

A obediência é um pacote!

Não adianta achar que o ciúme é inofensivo, e que na hora certa seu cão irá te obedecer, porque as coisas não acontecem assim entre os cães.

Não existe meia liderança, ou liderança em setores específicos.

Um cão que se acha no direito de definir quando seu dono deve ou não falar no telefone, também se acha no direito de decidir se pode, ou não, subir no sofá; se pode, ou não roubar comida ou pertences de seus donos etc.

Ou seja: se o cão decide a liderança é dele, e se a liderança é dele quem obedece é você.

Como resolver o problema

Bem, se o problema é a liderança, a primeira atitude a tomar é ler a matéria “ENTENDENDO A LÓGICA CANINA” (segue abaixo), para você poder perceber quais as suas atitudes que estão gerando e reforçando tal comportamento e cortá-las.

Outro ponto fundamental é JAMAIS provocar uma situação de ciúmes do cão e achar graça nisso.

O seu riso é o primeiro reforço que seu cão tem de que tal atitude dele tem seu aval.

Em qualquer situação de ciúmes, simplesmente ignore seu cão até que ele se comporte bem.

Se for o caso, pegue seu cão (sem acariciá-lo, ou mesmo olhar ou falar com ele) e coloque-o num outro ambiente, mesmo que ele lata desesperadamente.

Só apareça por lá quando ele parar de latir.

Aparecer por lá enquanto ele late só reforça que você obedece a uma ordem (latido) dele.

Portanto espere que ele pare de latir/chorar por 10 segundos e só então apareça fazendo festa para ele.

Se, ao chegar lá ele começar a latir pra você, feche a porta imediatamente, e vá embora.

Mostre claramente que são exatamente os latidos que estão fazendo com que você se vá.

Nunca se sinta cruel por não respeitar os ciúmes de seu cão!

Lembre-se que o que você vê como ciúme é, na verdade, pura posse e dominância, portanto nada de ter pena dele.

Ele não é um coitadinho se sentindo rejeitado! É um cão ditador!

Ele até pode fazer tudo isso com uma carinha muito amorosa e de bonzinho, mas continua um verdadeiro ditador pronto para mostrar a você que quem manda na casa é ele a qualquer minuto!

Boa sorte!

Maíce Costa Carvalho, adestradora – maice@dogtimes.com.br

Fonte – http://www.dogtimes.com.br/ciumentos.htm


 

Liderança Positiva

Entendendo a lógica canina

Maíce Costa Carvalho, adestradora

 

O adestramento tem como objetivo fazer com que o cão e seu dono tenham a melhor comunicação possível.

Se os dois não “falarem a mesma língua” ninguém se entende, e a confusão se instala.

Para tanto, precisamos entender como um cão vê o mundo, a agir sobre esta estrutura.

Não podemos esperar que o cão entenda o mundo da mesma maneira que nós humanos.

Os cães vivem em grupos, e, como em todo grupo, a matilha também tem regras que devem ser seguidas para que a organização do grupo funcione.

Uma das características mais marcantes de uma matilha é o seu sistema hierárquico, onde temos 1 só líder, e os demais membros vão se estabelecendo nos diversos níveis hierárquicos.

Quanto mais alta a posição na pirâmide, maiores são as responsabilidades deste membro.

Na base da pirâmide estão os membros mais fracos da matilha e os filhotes.

Ao líder cabe várias prerrogativas, como a de comer primeiro, por exemplo, e cabe a responsabilidade de manter a matilha protegida e alimentada.

Cabe também a definição das regras que vão garantir o funcionamento, e até mesmo a sobrevivência da matilha.

Todos os demais membros devem se submeter e respeitar tais regras, pois do contrário serão expulsos da matilha.

Quando educamos um filhote, estamos na verdade transportando este esquema da matilha para nossa casa.

Ou seja: temos que estabelecer níveis hierárquicos onde o cão estará sempre em posição inferior ao dono.

Crianças sempre estarão na base desta pirâmide, pois são “filhotes humanos”.

Quando o cão se tornar adulto ele se posicionará a um nível abaixo do dono, mas acima das crianças da casa.

Um adestramento só poderá ser considerado bem sucedido se conseguir que o dono do cão aprenda a ser líder.

Quando uma pessoa contrata um adestrador, ele espera que o cão aprenda a obedecer, sem, no entanto, se preocupar em qual é o seu papel neste processo.

Ser um líder não é simplesmente reprimir o filhote.

Ser um líder é dar limites ao cão, é mostrar o que ele pode ou não fazer.

Um cão não tem poder de discernimento, portanto não sabe avaliar o que pode ou não comer, o que é ou não perigoso, o que é um comportamento agradável ou não.

Ao darmos limites a um cão estamos mostrando a ele que este papel cabe a nós.

Com isso não colocamos sobre o animal o peso de ter que garantir a própria sobrevivência.

Quando o dono não assume o papel de LIDERANÇA, o cão acredita que o líder deva ser ele.

Então temos um filhote indefeso se sentindo na obrigação de garantir a sobrevivência e segurança da matilha, no caso a sua família.

Invariavelmente isto gera um cão tremendamente ansioso e agitado por assumir um cargo para o qual não está habilitado.

Outro efeito claro de cães que não têm um líder é que estes cães não sabem qual é o comportamento que seus donos querem deles.

Com isso eles não sabem como agradar o dono.

O problema é que na maioria das vezes eles tentam agradar assumindo comportamentos que os donos detestam, mas não foram capazes reprimir.

Alguns exemplos claros deste tipo de comportamento:

– pulam nos donos;

– tentam conseguir atenção na marra;

– mordem os donos para brincar;

– roubam objetos para que o dono tenha que sair correndo atrás deles etc.

O que se cria aqui é um círculo vicioso: o cão não tem limites, e sempre que seu dono vai brincar com ele, acaba se irritando.

Com isso o dono para de dar atenção ao cão, tornando o cão muito carente.

Quando o dono volta a dar atenção ao cão, este está tão sedento de carinho, que apresenta os mesmos comportamentos indesejáveis, mas agora de forma muito mais ansiosa, pois ele quer deter a atenção de seu dono de qualquer jeito.

Com isso o dono se enche do cão, não lhe dando mais a menor bola.

Em outras palavras: cães que não conhecem limites costumam ser muito chatos, e por consequência, tremendamente carentes e infelizes.

Existem também cães que se tornam os líderes da matilha e fazem o que querem em casa.

Estes cães não tem o hábito de obedecer ao dono.

São cães cujos donos nunca se preocuparam em estabelecer uma relação de comando.

No entanto, tais donos costumam ficar furiosos quando dão ordens a seus cães, e estes não tomam conhecimento.

Ora, se a relação de comando não foi estabelecida anteriormente, o cão não terá porque obedecer a este dono.

A obediência deve ser um hábito do cão, e não uma concessão.

Quando o cão pode decidir se obedece ou não, é por que esta relação não está clara.

Quando nos firmamos como líder da nossa matilha, estamos estabelecendo uma relação clara de obediência.

Esta relação vai garantir a estabilidade emocional do animal; vai garantir que teremos um cão que se comportará da forma que queremos e, muitas vezes, vai garantir a segurança dele.

Boa sorte!

Maíce Costa Carvalho, adestradora – maice@dogtimes.com.br

Fonte – http://www.dogtimes.com.br/lideranca.htm


 

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GatoVerde, em defesa dos Direitos Animais